domingo, 30 de maio de 2010

Mudhoney: O grunge não morreu, só estava dormindo


Guilherme Peace e Rodrigo Barone
Da Reportagem local

Foto: Vitória Costa

......Imagine uma cidade onde chove em 80% do tempo. O clima costuma ser frio e úmido, e essa cidade é conhecida por alguma produção rural. No entanto, a tal cidade fica praticamente ao lado de uma das maiores metrópoles do país. Por isso, a única opção dos jovens para se divertir é aproveitar os fins de semana na capital, ou aceitar as poucas condições culturais propostas por sua província. Geralmente estas opções não lhe são agradáveis.
......Não, não estamos falando de Mogi. Esta é a Seattle de Mark Arm, Steve Turner, Guy Maddison e Dan Peters, os rapazes do Mudhoney. A banda precursora do movimento grunge esteve em Mogi no sábado passado (22), como a principal atração da Virada Cultural Paulista. Atraindo o maior público da festa, cerca de 15 mil pessoas se espremeram na Avenida Cívica para assistir ao show da banda, os integrantes do Mudhoney logo se identificaram com nossa cidade, pelas semelhanças com sua terra natal.
......As condições de Seattle no final dos anos 1980 foram de suma importância para o surgimento do grunge. De tão entediados, ainda que não soubessem tocar corretamente, aqueles jovens provincianos resolveram criar a própria música para passar o tempo e soltar a opressão em que acreditavam viver. Não eram, nem de longe, tipos ideais de astros do rock, propensos ao heavy metal. Também não estavam se preocupando com os problemas de cunho social, descartando o punk. Era apenas expressão, com suas guitarras barulhentas e vocais gritados, usando as mesmas roupas com que costumavam trabalhar ou se proteger do frio. O Mudhoney foi a primeira banda a ter este tipo de som reconhecido no meio alternativo e independente.

......O termo "grunge", que vem de "grungy" - encardido, em inglês -, ilustra bem o tipo de música destas bandas. Ninguém poderia dizer que este estilo um dia faria tanto sucesso. Até que, em 1991, outro rapaz de cabelo engordurado, Kurt Cobain, mostrou sua Smells Like Teen Spirit para o mundo, em um dos álbuns mais importantes de toda a história do rock. Nevermind chegou a desbancar Michael Jackson do primeiro lugar das paradas da Billboard, o que não acontecia há anos. O Nirvana de Cobain foi totalmente influenciado por Mudhoney. Se hoje você usa roupas com estampas em xadrez, calças jeans desfiadas ou camisas de flanela, moda típica da geração X, agradeça ao grunge.


Guilherme Peace: Esta é a quarta vez que tocam no Brasil. Existe alguma diferença do público brasileiro com os fãs de outros países?
Mark Arm (vocalista): Existe sim! Os brasileiros são mais calorosos. Mas a maior diferença, e o mais legal, é que o público do Brasil canta junto todas as canções, inclusive as mais recentes, o que não é muito comum nos outros países.


GP: E como é tocar hoje as mesmas músicas de 20 anos atrás e ver todo este público, uma mistura entre velhos e novos fãs, de várias idades diferentes?
Steve Turner (guitarrista): Cara, isso é uma coisa maluca! [risos] Acho que o ponto alto da música é esse lance de não envelhecer, sabe? As canções acabam sendo meio atemporais...


GP: Vocês influenciaram toda uma geração, além de iniciar um movimento musical que alguns chamam de "último suspiro do rock". Acham que sua música mudou muito de lá pra cá, ou ainda é o grunge de sempre?
Turner: Não mudou muito não. Só o fato de que estamos mais velhos.


GP: No começo, Mark Arm fazia parte do Green River, banda que se dividiu, e dessa divisão surgiram o Mudhoney e o Pearl Jam. Por que vocês não seguiram o mesmo caminho de fama que o Pearl Jam, no meio mainstream?
Turner: Acho que nossa música sempre foi muito mais "suja" do que a dessas outras bandas... Não queríamos seguir o mesmo caminho...

Arm: Na verdade, não esperávamos chegar tão longe. E olha onde estamos... em Mogi das Cruzes! [risos]
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Esta reportagem foi originalmente publicada nos jornais Mogi News, de 28/05/2010, e Diário do Alto Tietê, de 29/05/2010.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Autoramas faz show supimpa em Mogi


Guilherme Peace
da reportagem local
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Foto: Vitória Costa
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Uma das bandas mais esperadas nesta Virada Cultural de Mogi, os Autoramas fizeram uma apresentação disposta a animar o público. Com músicas dançantes, nos estilos rockabilly e new wave surf, como os próprios músicos se intitulam, os cariocas Autoramas deram aos mogianos outro show de alta qualidade, mesmo de graça, em plena Avenida Cívica. Gabriel Thomaz, vocal e guitarra, Flávia Couri, vocal e contrabaixo, e Bacalhau, bateria, foram recebidos com muitos gritos e aplausos pelos fãs.

A banda, formada no Rio de Janeiro em 1997, entrou em maior evidência no cenário musical nacional com a gravação do CD e DVD MTV: Autoramas Desplugado, lançado no ano passado. A banda tocou sucessos dos cinco álbuns da carreira, alternando nas vozes do topetudo Thomaz e da ruiva Flávia.

Mas esta não foi a primeira vez que Autoramas veio a Mogi. "Estivemos aqui há nove anos", disse o vocalista Thomaz. "Na época não éramos tão conhecidos". E ele elogia o público mogiano. "Foi um show muito supimpa. Gostaríamos de voltar mais vezes, mas vários fatores impedem. Esperamos que os produtores daqui nos convidem mais". Os fãs que moram em Mogi também.

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Esta reportagem foi originalmente publicada no jornal Mogi News, a 26/05/2010

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Funk Como le Gusta agita Virada Cultural Paulista

Guilherme Peace
da reportagem local


foto: Divulgação

Em sua terceira edição em Mogi, a Virada Cultural Paulista bateu recorde de público: cerca de 60 mil pessoas acompanharam o evento, segundo dados da Secretaria de Estado da Cultura. O palco principal, montado na Avenida Cívica, foi o que atraiu mais público. No primeiro show da programação, o grupo Funk Como Le Gusta já mostrou o que estava por vir nas 24 horas ininterruptas de atrações.

Quase uma big band de funk, soul e samba-rock, o conjunto musical paulistano abriu os shows na Avenida Cívica com grande categoria, como é de praxe em suas apresentações. O naipe de metais formado por sax, trompete e trombone dava o brilho típico ao ritmo black, enquanto as melodias vocais e dos demais instrumentos seguravam as batidas latinas. A mistura de estilos é o grande ponto da banda, que com seus 12 integrantes, já fizeram parcerias com gente como Seu Jorge, Marcelo D2 e Fernanda Abreu.

O público dançou e acompanhou os vocais nas canções preferidas, sempre entusiasmado. Ao término do show, uma surpresa: no lugar do eventual bis, a banda se equipou com instrumentos como tambores e atabaques e foram tocar no meio da multidão, formando uma grande fila atrás de si.

Todos tiveram a oportunidade de ficar próximos ao grupo, cantando e dançando juntos, ao som dos graves bumbos africanos. De acordo com o percussionista e vocalista da banda, James Müller, o show na Virada de Mogi serviu para comemorar os 12 anos de Funk Como Le Gusta. "Esta brincadeira de ir para o público é uma coisa que fazemos desde o início, para sentir a energia positiva sendo transmitida diretamente para nós, nesta vibe tão real".

Esta reportagem foi originalmente publicada no jornal Mogi News, a 26/05/2010

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Bandas mogianas fazem show de peso na Virada Cultural

Maquiladora: Rock alternativo mogiano

Guilherme Peace
da reportagem local

Foto: Rodrigo Barone




Um show intimista, quase familiar, em um palco de dar medo. Assim é que se pode falar da participação das bandas mogianas Maquiladora e Jane Dope na Virada Cultural Paulista de Mogi, no último domingo. Mesmo tocando em um horário complicado, às 9 horas, e para poucas pessoas, sendo a maioria cling-on´s, que sempre acompanham os grupos, não houve desânimo para o rock alternativo. Com tempo suficiente para apresentar todas as canções do repertório, que são essencialmente curtas, ambas as bandas aproveitaram ao máximo as vantagens de tocar em um palco profissional, em um evento de peso e com equipamento de primeira. A pouca duração das músicas, no entanto, não é sinônimo de pouca qualidade.
Todos os ritmos, riffs de guitarra e linhas melódicas da Maquiladora fizeram jus aos quase quatro anos de estrada. Com influências diversificadas, que vão de PJ Harvey a Coltraine, a banda garantiu um show para deixar marcas.
Segundo Andrea Marques, baterista, tocar na Virada Cultural é uma oportunidade única. "Dá até uma sensação de realização, tocar no mesmo palco em que tocou o Mudhoney". Os integrantes da Maquiladora também tiveram a chance de conhecer a banda de Seattle, entrevistá-los e dar seus CDs de presente.

Já os integrantes da Jane Dope resolveram "exorcizar os demônios", como disse o vocalista e guitarrista Régis Vernissage. "O espaço para as bandas autorais em Mogi é muito limitado, e oportunidades como esta devem ser mais frequentes". As bandas também preparam um documentário sobre o cenário independente de Mogi, que deve ser lançado até o fim do ano.

Reportagem originalmente publica no jornal Mogi News, a 25/05/2010

quinta-feira, 20 de maio de 2010

101 anos de saudades. E de solidão.

Guilherme Peace
da reportagem local
Foto: Adriano Vaccari

Duas Guerras Mundiais, a bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki, o naufrágio do Titanic, a Crise de 1929, o governo e a morte de Getúlio Vargas, a Ditadura Militar no Brasil, o início da democracia no país e a posse de 24 presidentes da República. Estes são apenas alguns dos acontecimentos que a aposentada Virgínia Cândida de Jesus acompanhou, em seus 101 anos de vida, completos na última segunda-feira.

Natural de Lençóis Paulista, dona Virgínia hoje mora em Mogi, no distrito de Jundiapeba. Devido a complicações físicas causadas pela idade avançada, a aposentada centenária não consegue se locomover sem a ajuda de uma bengala, e passa a maior parte do tempo deitada em uma cama na sala. No entanto, todo o tempo de vida não afetou sua lucidez. Com a voz tímida e o sorriso de gente simples, dona Virgínia chega a fazer diversas brincadeiras, enquanto relembra um pouco de sua trajetória. “Acho que o que me fez viver tanto foi o trabalho”, ela conta. “Trabalhei muito nessa vida”.

De modo bem humorado, a aposentada relembra de pequenos fatos do passado. “Conheci meu marido em um baile, há quase um século”. E sorri. “Não esperava que fosse viver tanto. Já tenho até tataraneto”. Quando se perguntam quantos descendentes já tem, dona Virginia se esforça, mas não lembra. Sempre sorridente, ela explica: “Se eu tivesse dinheiro igual tenho netos e bisnetos, estaria rica”.

Mesmo com as delimitações impostas pela idade, dona Virgínia continua cuidando da família. “Se vejo uma das minhas filhas (que chegam a ter 60 anos) aprontando algo, dou-lhe uma bengalada”. Orgulhosa, a aposentada mostra sua carteira de identidade, onde uma foto de quando era mais jovem, provavelmente tirada ainda nos anos 1950, ilustra os dizeres de “brasileira não alfabetizada”. Para dona Virgínia, isso não foi obstáculo. “Nunca tive estudo, mas trabalhei duro na roça, para criar meus filhos. Só sinto falta da companhia do meu marido”. O marido Manoel Brasil faleceu há anos, mas dona Virgínia não se lembra quanto tempo ao certo.

E ela espera continuar, sempre sorrindo. “Sei que não vou mais muito longe”, diz com naturalidade, como se falasse do tempo. “Mas a força, ainda tenho. Agora é esperar”.

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Esta reportagem foi originalmente publicada no jornal Mogi News, de Mogi das Cruzes, a 19 de Maio de 2010.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Guilherme Irritante - Genial.


"Hey, Apple!"
"Hey!"
"Hey, Apple! Apple, hey!"
...
"Hey, Apple!"
"What?!"
"You're Fruit!"
"hehehehehehehehe"
...
"Hey, Apple!"
"Apple, Hey!"
"WHAT?!"
"Knife."
"AAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!"
...
"..."
"Ow... I liked Apple..."
...
"Hey, Pear!"
"Oh, God..."